sábado, 4 de setembro de 2010

Viva o jornalismo não-editado

Já são tantos os casos que não é mais possível considerar coisa pontual. Um avião pousa no rio Hudson em NY em 2009, um massacre acontece em Mumbai na Índia em 2008 e tantos, tantos outros… até mesmo por aqui — os da blitzes da Lei Seca não contam, ok?

O que todos tem em comum? O Twitter.

A mais recente aconteceu no caso do homem que manteve como reféns diversos empregados do Discovery Channel em Maryland, nos EUA. Fotos tiradas pelos próprios funcionários e enviadas para o Twitter ajudaram a identificar James Lee, muito antes que qualquer jornalista ou emissora pudesse chegar no local.

Segundo o Washington Post, o mundo já estava sabendo através de imagens e texto o que estava acontecendo horas antes de qualquer outro que não fossem os próprios reféns. Em alguns minutos toda a rede estava sendo populada com atualizações em tempo real do que acontecia, dando uma cobertura o mais humana e colaborativa possível para a crise.

Segundo o Washington Post, o mundo já estava sabendo através de imagens e texto o que estava acontecendo horas antes de qualquer outro que não fossem os próprios reféns. Em alguns minutos toda a rede estava sendo populada com atualizações em tempo real do que acontecia, dando uma cobertura o mais humana e colaborativa possível para a crise.

Através do hashtag #discovery, usuários da rede iam ajudando com o que podiam, enviando reports constantes como fotografias e posicionamento. Uma fotografia incrível foi tirada @jdivenere que mostra nítidamente, do alto, um homem armado a caminho da portaria do QG da Discovery Channel. Veja photo aqui (YFrog).


Horas depois, veio o tweet:

“Thank you everyone for your well wishes,” por volta das 14hrs, hora local “@Discovery_News team all safe.”


No meio de tanta informação, nem toda ela útil, foram encontrados uma série de links e dados bastante relevantes que ajudaram a polícia a compreender rápido e agir de acordo. Entre elas, a página de Lee no MySpace, uma outra página no YouTube onde ele jogava dinheiro para o alto na porta dos escritórios da Discovery em 2008 e alguns tweets contendo algumas das exigiencias dele durante a crise.

Inegavelmente parte do ecossistema de notícias, grandes redes sociais como o Twitter e o Facebook tem convertido este segmento em algo totalmente novo, recuperando inclusive o gosto pela exploração relevante de conteúdo atualizado. Aliás, mais atualizado impossível.

Com a pulga atrás da orelha, os jornalistas investigativos não tão presos aos tempos em que a redação pegava fogo com qualquer notinha “quente” e todos saiam em disparada já repensam seu papel e procuram absorver o mais rápido possível esse novo jeito de noticiar.

Alex Priest escreveu para o Technorati que a mídia social simplesmente “revolucionou o mercado de notícias e muito rapidamente se converteu na fonte de notícias (quando o assunto é) de crise”. Muitos jornalistas, analistas e toda a polícia souberam filtrar rapidamente a informação mais relevante e deram um mapa ágil de todo o cenário.

O produto da rápida, porém difícil crise terminou com James Lee sendo alvejado e morto e todos os reféns libertados sem qualquer dano senão o incrível stress.

Viva o jornalismo não-editado, o não negociar com o terror.

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Artigo criado por: San Picciarelli  - Casado e mora atualmente em São Paulo, tem 37 anos e é PMP, jornalista, fotógrafo e especialista/pesquisador em psicoterapia, psicologia do produto e redes sociais de consumo.

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