sexta-feira, 26 de março de 2010

Atenção: Imagem Retocada.

Os políticos brasileiros podem ser esquisitos, mas não podemos negar que eles não estão antenados no que anda acontecendo na Europa. A tendência dos países daquele continente em criarem leis onde esse tipo de prática seja regulamentada é cada vez maior e eminente. O principal argumento é a saúde dos adolescentes, que ficam influenciados pelas modelos perfeitas que aparecem nos anúncios e desenvolvem transtornos alimentares em busca da perfeição ilusória.

Por aqui, a discussão não havia engrenado ainda, mas, isso está mudando. O Deputado Wladimir Costa (PMDB-PA) é autor do Projeto de Lei 6853/10 que está em análise no Congresso Nacional. A nova Lei, se aprovada, vai exigir que todo anúncio de publicidade, onde haja manipulação digital de pessoas, exiba o aviso “Atenção: imagem retocada para alterar a aparência física da pessoa retratada." Segundo o nobre deputado, "Em tempos de photoshop, a manipulação de imagens faz com que a fotografia seja muitas vezes radicalmente diferente da realidade. Manchas na pele são apagadas, rugas são cobertas, quilos a mais são extirpados. É difícil a um leigo perceber que o resultado final não é uma imagem original".

Finalmente começarmos a nos preocupar com isso por aqui. Mas, assumir uma posição radical também não é uma opção lá muito bem vista por uns e outros.

Analisemos: A fotografia não é uma representação da realidade. Quanto antes as pessoas chegarem a essa conclusão, mais felizes elas serão; a manipulação fotográfica não é uma exclusividade da fotografia digital. Muito antes de alguém pensar em sensores e computadores, já existiam manipulações muito bem feitas; publicidade tenta vender um sonho e não um produto. Se fosse assim, não teríamos mulheres esculturais e atraentes em propagandas de cerveja e aventuras radicais em propagandas de automóveis, e, por último, mas não menos importante, o próprio mercado fotográfico publicitário já estava pensando nessa questão há muito tempo. Bem que tudo poderia vir de uma auto-regulação e não da força de uma Lei, mas o mundo não é perfeito.

Resta a nós, pobres mortais, apenas esperar e ver o que vai acontecer. Com a eficiência e rapidez do nosso Congresso, talvez essa Lei venha a vigorar apenas no próximo milênio.

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